Biti Averbach

Conteúdo de moda, estilo de vida, acessibilidade e inovação

  • Blog
  • Portfólio
  • Sobre
  • Contato
Você está em: Home / Blog / moda / NUNO: tecidos sustentáveis, inovadores e poéticos

NUNO: tecidos sustentáveis, inovadores e poéticos

16/09/2019 por Biti Averbach Deixe um comentário

Em setembro de 2019, a Japan House São Paulo apresentou a exposição NUNO – POÉTICAS TÊXTEIS CONTEMPORÂNEAS, com os tecidos sustentáveis, inovadores e poéticos da designer japonesa Reiko Sudo.

Desde 1994 à frente do laboratório de pesquisa têxtil NUNO –palavra que significa tecido, em japonês, e se pronuncia ‘nunô — Reiko Sudo realiza um trabalho experimental que consiste em misturar materiais, técnicas e processos, para criar tecidos sustentáveis, intrigantes e únicos. Em muitos deles, técnicas ancestrais da tecelagem oriental são reinterpretadas com tecnologia de ponta.

O resultado é tão revolucionário que é reconhecido internacionalmente por ampliar as fronteiras do design têxtil contemporâneo. 

Fotografia mostra mulher japonesa olhando para um tecido transparente com textura. Outros tecidos aparecem ao fundo.
A designer japonesa Reiko Suda em meio a alguns dos seus tecidos sustentáveis. Foto: Alisson Louback

Adélia Borges, crítica e historiadora de design que assina a curadoria da mostra em parceria com a consultora Mayumi Ito, comenta: “me encanta essa qualidade do design japonês de se basear na tradição para dela extrair uma inovação muito grande. Não há rompimento, há uma continuidade.”

A dupla de curadoras selecionou 35 tecidos para a exposição, com matérias-primas incomuns como fibra de bananeira, papel, aço inox, e plástico; ou convencionais, como seda, feltro, algodão e poliéster. As técnicas utilizadas na fabricação desses tecidos variam entre o manual e o industrial. Os toques poéticos ficam por conta de tingimentos feitos à partir de ferrugem, dobraduras em formato de origami e até mesmo da inserção de plumas.

Foto de ambiente com grandes painéis de tecidos sustentáveis  pendurados.
Na Japan House, os tecidos sustentáveis de Reiko Sudo foram expostos em grandes painéis. Foto: Alisson Louback

A variedade e a beleza das tramas encanta o olhar e convida ao toque. Por isso, Adélia Borges e Mayumi Ito disponibilizaram, em um mural, pedaços dos artigos podem ser tocados pelos visitantes.

A expografia, idealizada por Pedro Mendes da Rocha, explora o caráter ancestral da tecelagem na história da humanidade. Dos galhos de uma árvore estilizada, pendem os tecidos inovadores.

A relação entre corpo humano e tecido remonta aos primórdios da civilização. “O tecido é o primeiro abrigo do homem. Quando ele começa a se cobrir com peles de animais para se proteger do frio, cria a primeira interferência de design sobre o corpo”, explica Adélia Borges. 

Tecidos sustentáveis e inovadores

Em termos de sustentabilidade, há tecidos feitos com materiais que seriam descartados, como o kibiso, invólucro do casulo da seda, que por ser uma parte mais rígida, era usado apenas em produtos de baixo valor agregado. Através de pesquisas, a equipe da NUNO conseguiu que a fibra do kibiso chegasse a um décimo da sua espessura original, ganhando maciez,  flexibilidade e novas possibilidades de uso. Outro exemplo é o reuso de tecidos encalhados, reinventados numa espécie de patchwork contemporâneo.

Foto mostra detalhe de tecido reciclado de feltro colorido.
Tecido reciclado de feltro na exposição NUNO. Foto: Alisson Louback

Por considerar essencial o processo de criação dos tecidos, Adélia Borges incluiu na mostra, vídeos e um mural, que exibem várias etapas da pesquisa têxtil. “Design não é uma inspiração que cai do céu, há um desenvolvimento, um método. Inclusive, vários desses tecidos possuem patentes, mostrando que há um grau de inovação muito alto”, diz.

A programação contou, ainda, com o seminário Diálogos Nipo-Brasileiros – Poéticas Têxteis Contemporâneas. “Fala-se muito sobre os caminhos dos estilistas, sobre o design de mobiliário, mas não sobre tecidos. O têxtil é um tema muito pouco debatido”, diz Adélia. 

Foto de tecido sustentável vermelho vazado
Tecido sustentável feito com fitas. Foto: Alisson Louback


Um versão dessa matéria foi publicada originalmente na coluna sobre moda sustentável do site BEMGLÔ.


Arquivado em: moda, Portfólio Marcados com as tags: Adélia Borges, exposição, Japan House, Mayumi Ito, Reiko Sudo, sutentabilidade, tecido, têxtil

Sobre Biti Averbach

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts recentes

  • Kit Expondo o Invisível
  • João Pimenta: Das tripas coração
  • Clubhouse e a falta de acessibilidade
  • Segredos da coleção Dior de Alta-Costura Primavera Verão 2020/2021
  • Móveis para pessoas com deficiência visual

Copyright © 2025 · Biti Averbach