Uma notícia sobre design e acessibilidade, chamou minha atenção pelo caráter inclusivo e inovador. A HomePro, rede de lojas de decoração localizada na Tailândia, lançou o que parece ser a primeira coleção de móveis para pessoas com deficiência visual.
Batizada de 7:1 Furniture Collection, a linha possui estilo minimalista, cantos arredondados, e usa apenas cores com uma taxa de contraste de 7 para 1. O objetivo é tornar os objetos mais visíveis para pessoas com baixa visão.
O nível de contraste 7:1 é definido pela W3C –World Wide Web Consortium, principal organização de padrões internacionais para a web– como o padrão mais elevado de visibilidade (Nível AAA), seja para um conteúdo na internet ou um objeto físico. E por isso, é indicado para aumentar a acessibilidade visual.
Alto contraste para baixa visão
A dificuldade de enxergar é uma das deficiências mais comuns na vida das pessoas, pois pode ser causada tanto por doenças, quanto pelo envelhecimento. No Brasil, cerca de 45 milhões de pessoas declaram ter alguma deficiência na visão.
Quem enfrenta a condição pode ter dificuldades no dia a dia até mesmo dentro de casa. Em muitos casos, a visão se torna borrada e o contorno dos objetos se perde. Isso pode ser perigoso quando se está cozinhando, por exemplo. Ou desagradável, se você errar o alvo ao se sentar numa cadeira ou no vaso sanitário.
Segundo o texto de lançamento da coleção 7:1 Furniture Collection, ao desenvolver móveis para pessoas com deficiência visual, a equipe da HomePro percebeu que “90% de todos os móveis do mundo usam tonalidades de cores semelhantes em seus componentes, resultando em contraste de cor muito baixo em cada peça. Para pessoas com baixa capacidade visual, os móveis simplesmente se fundem com o ambiente e se tornam inúteis”.
A solução encontrada foi combinar cores com alto contraste e faixas que delineiam os contornos das peças, de modo a reforçar sua função para os usuários que não enxergam bem.
Apesar dessas características específicas, o mobiliário pode fazer parte da casa de qualquer um, o que só reforça a ideia de que o design inclusivo beneficia a todos e não apenas os portadores de deficiência.
Renato Salles, arquiteto e sócio do Estúdio Cada Um, concorda. “O que eu mais gosto nessa iniciativa é que ela foca na resolução do problema da visibilidade apostando em um design bem sofisticado, que atrai até pessoas sem necessidades especiais.”
E complementa: “a cartela de cores é muito interessante, faz uso de tons pouco óbvios, e que acabam trazendo muita personalidade para a decoração. A única coisa que eu não pude identificar, pelas imagens, mas que me intrigou, é saber que materiais são usados no acabamento dos móveis. Quando a visão é reduzida, os outros sentidos acabam ganhando importância. Então eu penso que o aspecto tátil, nesse caso, deve ser muito bem pensado. Materiais com texturas, ou com densidades diferentes (como a borracha, o vidro e o metal), podem oferecer uma experiência interessante para o usuário com deficiência visual.”
Marketing inclusivo
O lançamento da coleção de móveis para pessoas com deficiência visual é um bom exemplo de marketing inclusivo.
Por definição, marketing inclusivo é aquele que leva em conta a diversidade humana, incluindo em suas ações pessoas de todas as origens, independentemente de raça, etnia, identidade de gênero, idade, religião, habilidade, orientação sexual ou outro. Com isso, dá visibilidade para indivíduos e grupos que têm sido sub-representados ou até mesmo marginalizados na sociedade. Através de conteúdos respeitosos e inclusivos, o marketing pode ajudar a reduzir o preconceito cultural, promovendo uma mudança social positiva.
“A marca consegue um resultado muito feliz ao colocar o indivíduo no centro do seu propósito. Ao criar produtos e soluções para um público específico, ela amplia sua atuação, possibilitando que todos possam ser clientes em potencial. É muito importante pensar o marketing, e a comunicação das marcas, à partir da perspectiva humana. O conceito ‘criado por humanos para humanos’ gera uma relação saudável e verdadeira entre a marca e seu público”, diz Bia Vianna, fundadora da ÀMdC –agência de marketing e comunicação fundamentada na neurociência.
Confira mais detalhes da coleção no vídeo!
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